Você já deve ter ouvido muitas vezes a frase: “empreender é a realização de um sonho”. A cabeça do empreendedor geralmente é cheia de ideias borbulhantes que oscilam desde decisões maiores sobre qual ponto e modelo de negócios abrir, até pensar em cores do uniforme e embalagens, tipo de cadeira ou placas e decoração, passando ainda por nuances mais abstratas como filosofia da empresa e o seu impacto na comunidade e no mundo.
Com a cabeça fervilhando, a ansiedade se eleva ao pensar em todos aqueles detalhes sonhados saindo do mundo virtual e se tornando realidade. E é exatamente aí que o empreendedor pode cometer seu primeiro erro. Por conta dessa ansiedade, querendo ver as coisas acontecendo rapidamente, a maioria dos empreendedores pula a etapa PLANEJAR.
O planejamento para a abertura de novos negócios é popularmente conhecido como Plano de Negócios. No Brasil, infelizmente, cumprir essa etapa é uma prática adotada por menos de 20% dos empresários atuantes no mercado. E há ainda aqueles que o fazem como mera obrigação, por terem sido bombardeados de conselhos de que deveria ser feito ou por considerarem que ajudará na obtenção de crédito junto ao banco. E com isso tratam o plano de negócios como um obstáculo para se chegar logo à prática, a parte realmente interessante do ato de empreender.
O segundo principal erro na hora de abrir uma empresa é SUBESTIMAR CUSTOS, e isso pode ocorrer tanto dentro da formalização do plano de negócios quanto em cálculos e levantamentos menos estruturados feitos pelo empreendedor. A maioria dos empreendedores promove um certo “autoengano” e se convence de que vai precisar de menos dinheiro para abrir o negócio do que na realidade vai precisar gastar. Considera que já tem algumas coisas, que vai conseguir outras por um preço bem abaixo de mercado, que o ponto não precisa de quase nada de ajustes e que está praticamente pronto para operar. Isso lhe parece familiar? Conhece alguém que montou um negócio desse jeito?
Sabemos que alguns conseguem sobreviver, apesar desse erro, mas muitos enterrarão seus sonhos aqui.
O ideal é que todos os custos sejam efetivamente levantados, pensados e colocados na ponta do lápis para não haver surpresas no meio do caminho. Subestimar custos causa estresse e sobressaltos na implantação do empreendimento, com muitos imprevistos, falta de capital de giro e altos endividamentos.
O terceiro e último erro mais comum quando da abertura de uma empresa é SUPERESTIMAR VENDAS. Assim como quando se subestima os custos, a superestimação das vendas pode ocorrer em um plano de negócios formal ou em previsões menos estruturadas. E como isso ocorre? Todos gostamos de histórias de sucesso e de nos espelhar em casos de empresas que tenham chegado ao topo rapidamente. Mas, para a esmagadora maioria, será preciso um tempo para aumentar as vendas, chegar ao ponto de equilíbrio e, aí sim, alcançar o sucesso.
Da mesma forma, nos basearmos em volume e quantidade de vendas de empresas consolidadas de mercado como base para nosso novo empreendimento, nos dá uma visão errada do que realmente iremos conseguir vender na prática. O mercado e as empresas sobrevivem de regras e comportamentos repetitivos, e não de exceções. E isso se dá pelas compras rotineiras ou frequentes indicações. Por isso, ao pensar em quanto sua nova empresa poderá faturar, o ideal é fazer levantamentos de mercado, se comparar ou buscar números mais próximos à realidade que seu negócio terá e projetar um cenário de crescimento mais realista das vendas.
Todos esses erros podem ser minimizados com planejamento, racionalização e tranquilidade, sem perder o otimismo, o desejo e a vontade de empreender.
Nadia Nogueira - 11/08/2019